Lee em comemoração após o gol contra a Rússia (Foto: Reuters)
O ápice para um atleta, seja de qualquer
modalidade, é disputar as maiores competições em alto nível. A maioria deles, a
grande massa de esportistas e pseudo-esportistas mundo afora, apenas sonha com
isso. Apesar disso, alguns sonhos se tornam realidade: temos exemplos
maravilhosos no meio esportivo; relatos de pessoas vindas de um cenário
complicado, com adversidades, barreiras e tudo da forma mais humilde possível.
O esporte nos presenteia com essas histórias, que acrescentam ainda mais em sua
desenvoltura e, não menos, sua prática.
No futebol, os exemplos não param. Quando ‘moleques’
nos imaginamos como camisa nove da seleção, jogando a Copa do Mundo e atingindo
a glória máxima. Não sei se é peculiaridade do brasileiro, mas certamente é do
amante da ‘gorduchinha’. Como já disse algum autor por aí “sonhar não custa
nada”. Frase mais do que verdadeira é encorajadora: não vejo forma de sucesso,
de progressão em qualquer âmbito da vida, que não passe por almejar, querer e
perseguir seus objetivos. No esporte e, no futebol, também são assim.
É notável, principalmente agora (neste mês,
especificamente), como já soltara outro alguém “não existe mais bobo no
futebol, amigo”. O nivelamento das equipes é evidente. As chamadas zebras de
hoje, são as forças de amanhã. O futebol evolui para todos, uns mais e outros
menos. Diversos fatores estão ligados: desde trabalho de base, equipe técnica,
acomodação, talento, dinheiro (indispensável) e a magia do futebol, acentuada
ainda mais em Copas.
Caso esse, presente na Coreia do Sul. Desde a
Copa da Espanha, em 1982, a seleção participa de mundiais. De lá pra cá,
nenhuma ausência, além de uma semifinal em 2002 (quando dividiu sede com os
nipônicos) e uma oitavas de final, na última edição do torneio. O futebol
asiático, antes chamado de fraco em tática e força, contendo só ‘correria’,
mudou. E mudou para melhor.
Porém, para tal sucesso, seguir as normas do
país também é parte do desenvolvimento. Nesse caso, mais cidadão e mental do
que dentro das quatro linhas. Segundo a constituição sul-coreana todo homem, entre
18 e 35 anos, deve passar ao menos 21 meses prestando continência ao exército.
A qualquer momento um telegrama pode chegar, e não há recusa.
Foi o que aconteceu com o atleta Lee Keun-Ho, sul-coreano chamado às pressas para o serviço militar local. O
ocorrido foi em 2013, após ter sido eleito um dos melhores asiáticos do ano
anterior e ter ganhado a Champions League local com o Ulsan. Propostas do
futebol Europeu surgiram, mas o atleta precisava cumprir seus deveres como
cidadão. Em suma, ele ficaria dois anos longe de seu clube.
Em virtude disso, os atletas não ficam sem jogar. Ao serem chamados,
incorporam a equipe militar que disputa a segunda divisão nacional. Lee vinha
sendo convocado regularmente pelo seu ‘professor’ à seleção e vivia o melhor
momento da carreira, estava no auge. Mesmo disputando a segundona, ficou entre
os 23 da Coreia para a disputa do mundial. Logo na estreia, veio a compensação.
O jogo estava truncado e calor de Cuiabá cansava os russos no gramado.
Percebendo isso, o técnico o chamou no segundo tempo e garantiu, até
então, o único ponto da Coreia do Sul na Copa, em chute de fora da área – contando
com colaboração do arqueiro Akinfeev. Assim como um militar, não desobedeceu às
ordens de seu treinador. Cumpriu seu papel.
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